
Eu estava sentada na recepção de um consultório para exames auditivos, esperando o resultado do exame que acabara de fazer, quando os ponteiros do relógio marcaram 18hs ou 6 da tarde. O consultório ficava ao lado de uma igreja e qual não foi minha surpresa quando ao invés de ouvir badaladas, começou a tocar a Ave Maria. No momento em que comecei a ouví-la, minhas lembranças me levaram até a área da casa de meus avós em Novo Hamburgo.
Lá estava eu, em pé, ao lado do meu avô que estava sentado na sua cadeira de palha e madeira, toda pintada de verde, com o radinho em uma mão e o bloquinho de anotar o jogo do bicho e a caneta na outra mão. Aquele momento sempre foi sagrado pra mim, sempre que eu estava lá, fazia questão de compartilhar aquele momento de oração com ele. Depois da oração, via ele , trêmulo pelo Parkinson, anotar os números do jogo do bicho, geralmente chateado porque deveria ter invertido algum número ao jogar.
Quando acabou a Ave Maria, me dei conta de que estava com os olhos cheios de lágrimas, sentada na recepção do consultório, então, olhei imediatamente para a secretária, que por sorte, estava tão entretida em seus afazeres que nem notou minha emoção, mesmo assim, me deu vontade de rir, imaginando o que ela pensaria se me visse com os olhos marejados enquanto esperava pelo resultado do exame, na certa pensaria que que a doutora tinha me dado uma má notícia ( o que já adianto que não seria verdade, o resultado do exame foi ótimo, não tenho nada no ouvido, a dor que sinto é pela ansiedade imensa de começar a trabalhar - o que é minha meta esse ano- essa ansiedade faz com que eu fique pressionando o maxilar, mas tudo bem, nada que uma vaga de emprego não cure...ehehehehh...mas isso é assunto para outro post).
Bom, após sair do consultório fiquei pensando na emoção que senti com aquela lembrança que era tão doce, mas fiquei pensando também na saudade imensa que ficou quando a lembrança foi embora, na amargura que senti quando o doce acabou.
Em dias como esse, da semana passada, em que a saudade que sinto das pessoas que amo aperta muito , busco refúgio na física quântica, não sei explicar muito bem a física quântica, já li algumas coisas a respeito e confesso que tem teorias que acho surreais demais pra minha cabeça, mas essa teria eu gosto, é sobre o tempo, diz mais ou menos assim : que o tempo não é em fatias, como nós pensamos, passado, presente e futuro, mas que tudo está acontecendo ao mesmo tempo, estamos aqui agora, como também estamos vivendo as coisas do nosso passado e do nosso futuro nesse mesmo momento. Como eu falei anteriormente, é bem complicado, mas gosto de acreditar nisso, afinal posso pensar que de alguma forma ainda estou lá, no colo do vô Quintana, levando um monte de beliscões junto com o Sebástian, meu primo, e achando a maior graça disso. Ou, que estou abraçando o vô Arthur, bem apertado, sentindo o corpo frágil dele e o cheirinho que lhe era característico.Posso pensar que estou atravessando uma rua no centro de Santiago, de braços dados com a vó Maria, indo a uma loja comprar muitas linhas para bordar.
Quando penso nas pessoas que já se foram, tento pensar no privilégio que tive ao conhecê-las, e não na dor da perda, já escrevi sobre isso nesse blog e esses dias falei isso para uma amiga, que rompeu um relacionamento de forma traumática e estava muito triste. Apesar do namorado dela só ter virado ex e não finado, achei que seria um bom conselho, mas hoje, já não tenho certeza se agi certo.
Sei que as lembranças são doces, mas após acabarem sobra o gosto amargo de saudade.
Lá estava eu, em pé, ao lado do meu avô que estava sentado na sua cadeira de palha e madeira, toda pintada de verde, com o radinho em uma mão e o bloquinho de anotar o jogo do bicho e a caneta na outra mão. Aquele momento sempre foi sagrado pra mim, sempre que eu estava lá, fazia questão de compartilhar aquele momento de oração com ele. Depois da oração, via ele , trêmulo pelo Parkinson, anotar os números do jogo do bicho, geralmente chateado porque deveria ter invertido algum número ao jogar.
Quando acabou a Ave Maria, me dei conta de que estava com os olhos cheios de lágrimas, sentada na recepção do consultório, então, olhei imediatamente para a secretária, que por sorte, estava tão entretida em seus afazeres que nem notou minha emoção, mesmo assim, me deu vontade de rir, imaginando o que ela pensaria se me visse com os olhos marejados enquanto esperava pelo resultado do exame, na certa pensaria que que a doutora tinha me dado uma má notícia ( o que já adianto que não seria verdade, o resultado do exame foi ótimo, não tenho nada no ouvido, a dor que sinto é pela ansiedade imensa de começar a trabalhar - o que é minha meta esse ano- essa ansiedade faz com que eu fique pressionando o maxilar, mas tudo bem, nada que uma vaga de emprego não cure...ehehehehh...mas isso é assunto para outro post).
Bom, após sair do consultório fiquei pensando na emoção que senti com aquela lembrança que era tão doce, mas fiquei pensando também na saudade imensa que ficou quando a lembrança foi embora, na amargura que senti quando o doce acabou.
Em dias como esse, da semana passada, em que a saudade que sinto das pessoas que amo aperta muito , busco refúgio na física quântica, não sei explicar muito bem a física quântica, já li algumas coisas a respeito e confesso que tem teorias que acho surreais demais pra minha cabeça, mas essa teria eu gosto, é sobre o tempo, diz mais ou menos assim : que o tempo não é em fatias, como nós pensamos, passado, presente e futuro, mas que tudo está acontecendo ao mesmo tempo, estamos aqui agora, como também estamos vivendo as coisas do nosso passado e do nosso futuro nesse mesmo momento. Como eu falei anteriormente, é bem complicado, mas gosto de acreditar nisso, afinal posso pensar que de alguma forma ainda estou lá, no colo do vô Quintana, levando um monte de beliscões junto com o Sebástian, meu primo, e achando a maior graça disso. Ou, que estou abraçando o vô Arthur, bem apertado, sentindo o corpo frágil dele e o cheirinho que lhe era característico.Posso pensar que estou atravessando uma rua no centro de Santiago, de braços dados com a vó Maria, indo a uma loja comprar muitas linhas para bordar.
Quando penso nas pessoas que já se foram, tento pensar no privilégio que tive ao conhecê-las, e não na dor da perda, já escrevi sobre isso nesse blog e esses dias falei isso para uma amiga, que rompeu um relacionamento de forma traumática e estava muito triste. Apesar do namorado dela só ter virado ex e não finado, achei que seria um bom conselho, mas hoje, já não tenho certeza se agi certo.
Sei que as lembranças são doces, mas após acabarem sobra o gosto amargo de saudade.